segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quase Esperança

Cansei de ser triste
Como passarinho preso na gaiola vivendo de alpiste
Cansei da cidade
Já não tem nenhum valor o meu diploma, minha faculdade
Cansei de fugir
Do caos, da violência e da opressão que querem me sucumbir
Cansei de tantos trastes
Quero leveza, quero fugir dos muros e das grades

Cansei da superfície
Quero a profundidade de um mergulho que encontra a planície
Cansei da solidão
Quero estar só, mas vivendo em seu coração
Cansei de maquiagem
Quero a essência feito o céu numa estiagem
Cansei da informática
Agora busco a leveza de uma bailarina performática

Eu já me cansei desses versos tristes
Eu já nem sei se ainda existem hippies
E "eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza"
Mas perdi a esperança sentado à mesa
Esperando pela refeição que nunca vem
Como quem vai à missa só pelo amém
Como quem ama a lembrança
De um dia ter vivido uma quase esperança

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tristeza

Tristeza são seus olhos me dando adeus
Tristeza é seguir em frente sem ter Deus
Tristeza é uma panela cheia de solidão
Alimentando de fome a alegria e a paixão

Tristeza são seus lábios longe de mim
Tristeza é se apaixonar por uma garrafa de gim
Tristeza é ter uma gaita e não saber tocar
Tristeza é fazer música só pra te olvidar

Tristeza é a gentileza da sua rejeição
Tristeza é a instabilidade dessa conexão
Tristeza é abrir portas que dão pro mesmo lugar
Tristeza é uma canção bonita que eu nunca sei tocar

Tristeza é sonhar e acordar sem você
Tristeza é o sono do insone a sofrer
Tristeza é o sorriso do palhaço sob a lona
Tristeza são as touradas intragáveis de Pamplona

Tristeza é sua lembrança torturando meu coração
Tristeza é errar a bola e cair sentado no chão
Tristeza é compor músicas e nunca cantar no tom
Tristeza é a marca na minha roupa do seu batom
Que nunca existiu

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sobre o amor e sua perdição

Solfejo um trecho da canção que um dia eu lhe escrevi
Com amor, como flor de primavera que se abre no jardim
Na loucura ainda tenho seu coração
Na perfeita insanidade de uma legião
De sentimentos almejando o calor
E o colo macio do seu amor
Ter seu rosto outra vez em minha visão
Passear segurando a sua mão
Olhar nos seus olhos e sentir a paz

Desejo seu beijo na chuva ou no vagão de um trem
Encosto meus lábios em sua nuca e sussuro "vem"
Me abraça e me diz com emoção
Sobre o amor e toda sua perdição
Da estrada nova e das pedras a enfrentar
Sobre nós dois subindo no altar
Ter seu rosto outra vez em minha visão
Sem jamais soltar a sua mão
Olhar nos seus olhos e sentir a paz

Um dia você me fez acreditar
Que eu poderia sorrir
E agora diz em se afastar
Para não me ferir
E o que poderia me ferir
Mais que a sua ausência?
A vida não é um souvenir
É caso de dependência

Um dia você me fez acreditar
Que eu poderia sorrir
E agora diz em se afastar
Para não me ferir
Para não me ferir
Para não me ferir?
Para não me ferir, preferia você aqui

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Eu Não Sei Fazer Canção de Amor

Eu não sei fazer canção de amor
Sempre repito as mesmas palavras e as rimas
Sou tão pobre, minha linda
Que sequer lhe serviria
Meu coração em um plateau

Mas só meu coração é o esplendor
Que lhe faria ser a mulher mais rica
Que a Rainha da Turquia
Numa noite de quinta
Apreciando as bailarinas
Do Bolshoi de Moscou

Afável beleza humana que me invadiu de ardor
Foi a sua lembrança que veio e me abraçou
A noite, ao deitar na cama, fico acordado sonhando
Como seriam nossas vidas se você me dissesse "eu te amo"

Anjos perdidos do caminho
Queiram todos se reunir
Peço uma grande ajuda
Para fazê-la feliz
Cupidos perdidos no caminho
Queiram todos lhe atingir
Pois todo amor vale a pena
Até o meu por ti

Afável beleza humana que me invadiu de ardor
Foi a sua lembrança que veio e me abraçou
A noite, ao deitar na cama, fico acordado sonhando
Como seriam nossas vidas se você me dissesse "eu te amo"

Antes de partir faça o favor
Olhe nos meus olhos e sinta a minha tristeza
Por não ter sua beleza
Feito flor de framboesa
E antes que eu me esqueça
Eu te amo, minha princesa
E perdoe o meu rubor

Mas é que eu não sei fazer canção de amor

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Flor de Bem Me Quer

O fim pode ser hoje, pode ser amanhã
Continuo esperando pacientemente no divã
As bombas ainda caem e caem todas manhãs
E eu sigo sentado comendo minha maçã

Nada além do que penso é o que quero ter
Nada além do que eu mereço: o amor, eu e você
Sentados na varanda, anda, vem ver o sol se por
E a lua curiosa nascendo para ver o nosso ardor

Nem a vã filosofia poderia explicar
E mesmo que doe, eu não quero evitar
A loucura é divina e brilha, tira espinho da flor
Dançando feito bailarina ao som dos bandolins do Oswaldo

Somos crias do amor
Num jardim de flor
A minha quimera é flor de bem me quer
E o meu quem me dera: seja minha, mulher

E quando eu me sentir pouco, não me deixe no chão
Quando eu estiver louco, seja minha alucinação
Quando eu estiver longe, não me deixe na solidão
Quando vier a morte, que minha casa seja o seu coração

Deixe-me viver no seu coração