quarta-feira, 8 de junho de 2011

Divagações, Alucinações e Solidão - II

Segundo a geometria Euclidiana, duas retas paralelas a princípio sempre estão "próximas" uma da outra, porém jamais se encontram.

Já pela geometria Não-Euclidiana, quando a distância entre duas retas paralelas for infinita, haverá então o encontro das duas paralelas. Ou seja, as paralelas irão se cruzar a medida em que a sua distância for infinita, sendo assim, de tão distantes acabarão se unindo na imensidão do universo.

Eu sinceramente não sei qual é a melhor teoria. Mas o fato de na geometria Não-Euclidiana as paralelas se cruzarem me encanta mais, mesmo que em determinado momento a distância seja infinita, ao menos se encontrarão em outro ponto.

Parece ser assim que as coisas fluem na minha vida ou essencialmente na minha forma de ver a vida: quanto mais distante, mais próximo e vice-versa.

É engraçado que hoje tenho vinte e seis anos. Como era estúpida a minha previsão aos 18, por exemplo, de como eu seria aos 26. Almejava estar trabalhando, com minha vida encaminhada, tranquilo, talvez com uma namorada/noiva/esposa. Sonhava chegar em casa e ser recebido pelo cachorro que iria me jogar no chão e me lamber de felicidade.

Sonhava poder estar ao lado dos meus pais ajudando-lhes sempre que fosse preciso. Gostaria de poder ser mais compreensivo com eles. Ser mais compreensivo com as pessoas. Ser mais compreensivo comigo mesmo e com meus sentimentos.

Hoje tenho 26 anos e sinto-me menos independente que aos 18, menos confiante e, principalmente, menos feliz.

E tudo isso me remete à noção das paralelas que se cruzam no infinito.

Quanto mais eu me firo e quebro a cara, quanto mais eu me sinto insensível, mais a flor da pele eu sinto os meus sentimentos.

Quanto mais triste eu me sinto, mais próximo da felicidade eu pareço estar.

Me fascinam essas preposições antagônicas. Os extremos me atraem muito mais que o centro por simplesmente serem mais verdadeiros.

São 26 anos de bons momentos e de uma outra parte feito um elefante em loja de cristais: qualquer movimento e tudo vai ao chão.

Ser adulto é entediante e monótono.

Cada dia estou mais distante de tudo que sonhei, de tudo que quis ser. Mas não tem problema, quanto mais distante, mais próximo.

E mesmo que eu ache que a minha maior virtude não passa de um grande defeito, eu sigo em paz, pois sei que as paralelas sempre se cruzam no lado esquerdo do meu peito.