quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Palhaço de Rua

E eu que não sei nada sobre o amor
Deixo meus receios e me torno um Pierrot
Pinto meu rosto e finjo ser mais feliz
Na perfeição de um caminho sem fim

Desenho um sorriso pra tentar esconder
Toda a tristeza que me faz sofrer
Fico com o espinho e distribuo a flor
Tiro a maquiagem e apago o meu ardor

Sou palhaço de rua e vivo para fazer sorrir
O mendigo que dorme na rua e todos que passarem por mim
Pois a tristeza é una e não escolhe cor
Faço graça a ricos, pobres ou filhos da luta e a minha recompensa é esquecer da dor

Pois eu vivo para alegrar o caminho de quem passar por mim

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sobre a vontade de fugir

Sabe aquela instrospectiva vontade de sumir? De deixar tudo para trás e iniciar uma nova caminhada? Com novos rumos e novos anseios? É o que venho sentindo há tempos.

O peso da responsabilidade de ser sempre bom ou simplesmente melhor que a média generalizada nos pressiona contra nós mesmos. É então chegada a hora de encontrar um novo "eu", para que possa ser novamente possível o convívio comigo mesmo.

Mas o problema é que não nos conhecemos o bastante. Nos interessamos por tudo ao nosso redor, ficamos fascinados com a possibilidade de existir vida em Marte, mas nos desconhecemos. E para que possamos nos conhecer é necessário passar por extremos, habitar o impossível para que, ao atingi-lo, possamos perceber que podemos ir muito além.

Ainda não enxerguei esse novo horizonte e no momento não estou disposto.

Me isolo num extremo processo de descivilização e desapego. Tento me conhecer e conhecer meus limites, não por egoísmo ou por egocentrismo, mas sim por simples exclusão opcional.

Tenho medo de me relacionar, tenho fobia da sociedade, tenho delírios e imaginações que somente eu seria capaz de entender.

Quero apenas um habitat natural, quero chuva sobre meu rosto, quero pisar no chão descalço. Não quero ser controlado pelo tempo ou ter sempre um telefone-monitorador por perto.

Quero o simples, o íntimo e o duradouro. Quero a paz que sentia quando criança. Quero a harmonia dos animais e não a racionalidade dos humanos.

Quero mato, quero terra, quero água e ar. Quero vida para viver e não para morrer.

Eu me isolo, permuto meus sentimentos, sigo um novo rumo e procuro por algo que ainda não encontrei.

Quero apenas habitar o desconhecido. E é nesse caminho que eu vou seguir

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Poesia do Caráter

Em certos momentos de nossas vidas, após desvendarmos e descortinarmos certas particularidades e nos tornarmos seres pensantes, passamos a entender como tudo acontece ao nosso redor.

Raul Seixas em certa música dizia que "preferia ter nascido burro, sofreria menos", não muito distante, Cazuza o disse em outras palavras: "os ignorantes são mais felizes". É nesse momento que me pergunto o porque d'eles terem dito isso.

Já parou para pensar como os mais humildes e menos esclarecidos intelectualmente, ainda que miseráveis, são mais felizes? A ideia é muito simples: quando você não tem conhecimento do que acontece, quando você não tem discernimento para saber o que é certo e o que é errado, quando você não tem fontes necessários para discutir e reivindicar o justo, você simplesmente aceita o que lhe é imposto sem fazer qualquer questionamento, é como uma chuva caindo sobre nossas cabeças, onde o poder de pensar funciona como "guarda-chuvas".

E é nesse momento, em que abrimos nossos "guarda-chuvas", que as coisas começam a mudar e a se tornar mais claras. Dificilmente se engana quem sabe o que é correto e o que é incorreto. Claro que aqui adentramos em outro assunto digno de páginas e mais páginas, horas e mais horas de reflexão que é a questão da ética e da moral funcionando como muralhas para o corrompimento, mas partindo da ideia do dever ser, sabemos que quem tem esses valores endógenos aflorando na pele, dificilmente se deixa enganar e/ou corromper.

Hoje vivemos em um sistema falido, com valores falidos, num Estado falido e com pessoas falidas que correm, e não mais caminham, a passos largos para o abismo. Ando escutando tanta mediocridade por aí que chega a me dar coceira.

Vejo tantas atitudes erradas, tantos valores deturpados, tanta incoerência, tantas inversões que comungo em cada vírgula com os pensamentos proferidos por Rui Barbosa em seu discurso no Senado (sim, no Senado), na sessão de 17 de Dezembro de 1914: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Agora reflitam comigo: vivenciamos a era da nulidades, da desonra e da injustiça ou não? O ser humano "faliu" meu amigos.

Queres de mim uma dica? Estude! Se desenvolva intelectualmente, preocupe-se com o seu saber tanto quanto você se preocupa com o seu bíceps e o seu cabelo e logo teremos um mundo bem mais justo e melhor de se viver.

Mahatma Gandhi dizia que "você deve ser a mudança que quer ver no mundo", então meu amigo, comece a revolução dentro de ti agora, a partir de você. Questione-se periodicamente e veja se o que você faz, acredita, venera e aceita é plausível e correto, caso não seja, questione-se mais, reveja suas ações e suas reações. Você pode estar sendo manipulado para ser apenas mais uma peça do sistema, não queira ser. Faça o que Rudolf Von Ihering dizia ser a "poesia do caráter", lute pelo certo e contribua para um mundo melhor.

Não fique estagnado esperando que os problemas ao seu redor se resolvam, faça algo de construtivo. Pense!