quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Poesia do Caráter

Em certos momentos de nossas vidas, após desvendarmos e descortinarmos certas particularidades e nos tornarmos seres pensantes, passamos a entender como tudo acontece ao nosso redor.

Raul Seixas em certa música dizia que "preferia ter nascido burro, sofreria menos", não muito distante, Cazuza o disse em outras palavras: "os ignorantes são mais felizes". É nesse momento que me pergunto o porque d'eles terem dito isso.

Já parou para pensar como os mais humildes e menos esclarecidos intelectualmente, ainda que miseráveis, são mais felizes? A ideia é muito simples: quando você não tem conhecimento do que acontece, quando você não tem discernimento para saber o que é certo e o que é errado, quando você não tem fontes necessários para discutir e reivindicar o justo, você simplesmente aceita o que lhe é imposto sem fazer qualquer questionamento, é como uma chuva caindo sobre nossas cabeças, onde o poder de pensar funciona como "guarda-chuvas".

E é nesse momento, em que abrimos nossos "guarda-chuvas", que as coisas começam a mudar e a se tornar mais claras. Dificilmente se engana quem sabe o que é correto e o que é incorreto. Claro que aqui adentramos em outro assunto digno de páginas e mais páginas, horas e mais horas de reflexão que é a questão da ética e da moral funcionando como muralhas para o corrompimento, mas partindo da ideia do dever ser, sabemos que quem tem esses valores endógenos aflorando na pele, dificilmente se deixa enganar e/ou corromper.

Hoje vivemos em um sistema falido, com valores falidos, num Estado falido e com pessoas falidas que correm, e não mais caminham, a passos largos para o abismo. Ando escutando tanta mediocridade por aí que chega a me dar coceira.

Vejo tantas atitudes erradas, tantos valores deturpados, tanta incoerência, tantas inversões que comungo em cada vírgula com os pensamentos proferidos por Rui Barbosa em seu discurso no Senado (sim, no Senado), na sessão de 17 de Dezembro de 1914: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Agora reflitam comigo: vivenciamos a era da nulidades, da desonra e da injustiça ou não? O ser humano "faliu" meu amigos.

Queres de mim uma dica? Estude! Se desenvolva intelectualmente, preocupe-se com o seu saber tanto quanto você se preocupa com o seu bíceps e o seu cabelo e logo teremos um mundo bem mais justo e melhor de se viver.

Mahatma Gandhi dizia que "você deve ser a mudança que quer ver no mundo", então meu amigo, comece a revolução dentro de ti agora, a partir de você. Questione-se periodicamente e veja se o que você faz, acredita, venera e aceita é plausível e correto, caso não seja, questione-se mais, reveja suas ações e suas reações. Você pode estar sendo manipulado para ser apenas mais uma peça do sistema, não queira ser. Faça o que Rudolf Von Ihering dizia ser a "poesia do caráter", lute pelo certo e contribua para um mundo melhor.

Não fique estagnado esperando que os problemas ao seu redor se resolvam, faça algo de construtivo. Pense!

3 comentários:

  1. Olá Juvenal! Muito bom seu artigo, gostei muito.
    Sou um pouco bom nos veros, mas quando a prosa é boa, ''me encanto''. Contudo discordo um pouco... Não creio que as pessoas humildes e menos informadas são mais felizes por isso, acredito que elas são mais idealistas, otimistas, conhecem seus lugrares e sabem onde querem chegar,isso tudo as tornam ''euforicas'' por conseguinte mais felizes, burrice não é sinônimo de felicidade! E acredito que, talvez a ''tristeza'' dos intelectuais, seja pelo motivo de tanto discutir, debater, questionar, refletir e nada fazer,academicismo exarcebado.. A pós-modernidade é um labirinto de reflexições. Sou das humanas, mas aprecio a ciências exatas, quando realmente exata e não quando também se perde na hiperbólica teoriaca, teoria tentando explicar o que não pode, mas isso é outra estória rsrs.
    Sobre a citação de Rui Barbosa, o que mais pode causar tanta nefascidão se não a falta de moral? Porém infelismente, hoje existe um aforismo de que a moral escravisa o homem, pois penso que é o contrário...
    Vou ficar por aqui, não tem como fala de coisas tão elevadas neste curto espaço.
    Façamos algo construtivo! Pois foi sempre este meu lema.
    Vou deixar um poeminha meu aqui para refletir, abraço:

    Soul livre

    Soul livre
    verso livre inverso
    livre nem meço
    testo
    texto contesto
    regresso
    contexto livre
    verto o verso
    soul free in verso
    sem mais
    confesso atravesso o tempo e
    o néscio.

    (Marcos A. Fagundes)

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  2. Meu querido amigo Marcos, que felicidade te ver por aqui. Com relação a "felicidade dos pobres", eu faço uma ligação direta com a falta de conhecimento com os reais fatores que aforam a sociedade, no sentido de que não tem conhecimento acerca das nefastas artimanhas de quem detem o poder em suas mãos. Com relação a "tristeza dos intelectuais", imagino ser pelo excesso de teorias e poucas praticidades e também pelo fato de terem o "poder" de ver além da curva. Realmente tudo isso é muito complexo pra que se esgote o conteúdo desse tema. Sempre haverá quem pense igual ou diferente, apenas expus o que penso. Obrigado pela visita e pelo elogio, certamente me anima cada vez mais de escrever meus devaneiros por aqui. Sempre levando em consideração o título do blog "PENSAMENTOS VIS", o que escrevo pode fazer sentido ou simplesmente ser um pensamento tendencioso ao que acredito e influenciado pelo aterna insônia. Agradeço ainda pelos versos do poema, realmente você o faz muito bem. Forte abraço!

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  3. Li uma vez em algum lugar que não me recordo no momento, e também j´discutimos a respeito, mas vale dizer novamente:
    " A felicidade e a ignorância caminham lado a lado".

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