terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Tente entender a minha alegria..."

Foram momentos de intensidade ímpar.
Olhares falaram mais que mil palavras.
Sorrisos iluminaram mais que o mel do Sol.
Havia mais que um show e um expectador/ouvinte.
Havia o encanto sendo lançado pelos olhos de um anjo que canta e encanta como ninguém.
Olhos que me ofereciam uma paz que eu jamais pude tocar.
Olhares que me inibiam, me encolhiam e me deixavam entre a insegurança e a felicidade.
"O que fazer? Como reagir? E quando acabar, o que eu faço?...
Será que ela está olhando pra mim mesmo?"
Pude sentir como se uma panapaná estivesse em meu estômago, me guiando em direção àqueles olhos apaixonantes.
Apaixonar-se por um olhar e/ou por um sorriso não é exclusividade sua Oswaldo.
Quisera eu ter a delicadeza e a sapiência dos poetas que nos legaram flor pra descrever cada sensação boa que tive e continuo tento só de lembrar daqueles olhos, daquele sorriso.
E que olhos...que sorrisos...que voz.
Mas se eu quiser ser mais direto vou me perder, é melhor deixar quieto.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Tempo, a Alma e o Espelho.

Tudo se transforma e isso não é necessariamente ruim...nem bom.
Tudo se transforma porque simplesmente não há como ser a mesma coisa sempre.
O tempo é agente corrosivo e, querendo ou não, deixa as suas marcas.
Marcas essas que muitas vezes não são perceptíveis a quem olha do lado de fora, mas quem consegue olhar por dentro as entende perfeitamente.
A roupa surrada, velha e amarrotada já não é notada, não interfere em nada.
A cabeça curvada ao chão, o olhar úmido e o rosto cansado passam desapercebidos.
A barba cresceu e ele sequer notou, pois não se importa com a imagem refletida no espelho, ele sabe que os seus maiores tesouros e valores espelho nenhum refletirá.
Os sonhos se perderam entre as pedras do caminho e, para cada sonho perdido, parte do seu ser se perdia.
Já não estranha os lagos sem peixe, as ruas vazias, os carros parados, as árvores sem folhas.
O céu sem estrelas, o mar afônico, o sol sem brilho...ele não sabe o que houve, mas sabe quais foram as marcas que o tempo deixou.
Muito além da roupa velha, dos olhos úmidos, do rosto cansado...não são essas as marcas mais profundas que o tempo lhe ofertou.
Sonhos perdidos são como tatuagens n'alma, ninguém vê, mas quem tem sabe que elas existem.
E a barba?! Bom, a barba é apenas o sinal de que a alma entristece, mas não faz mal, eles ainda procuram pela explicação no espelho.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Tenho nas mãos um coração maior que o mundo..." Zeca Baleiro

Depois de um longo e tenebroso inverno, eis-me aqui mais uma vez.
Algumas coisas têm acontecido na minha vida que vem me fazendo pensar em qual seria o meu real tamanho.
É engraçado, pois normalmente nós tentamos ser boas pessoas, regar bons sentimentos, neutralizar os maus, dispensar carinho e atenção, ou seja, buscamos, de alguma forma, sermos aquilo que gostaríamos que fossem conosco, como naquela velha e atualíssima ideia de tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.
Ok, até aí tudo entendido. Mas como saber se o que eu penso ser o meu melhor é, no mínimo, razoável para o outro? Difícil não?
A gente nunca sabe exatamente qual o nosso tamanho.
Assim como eu nunca sei me expressar nesse blog exatamente como eu gostaria, sempre penso corretamente, mas nunca consigo transpor em palavras da mesma forma.
Essa ideia do meu real tamanho me remete ao cachorro pequinês, que nunca sabe o seu tamanho real e busca atacar mesmo quando frente a frente com um cachorro enorme. Existem também aqueles cachorros enormes que querem deitar no nosso colo como se fossem pequeninos.
Eu não sei qual dos dois eu sou.
Eu me sinto pequeno, impotente e ultrapassado e venho me convencendo de que o tamanho que eu penso ser é exatamente o tamanho que eu sou.
Mas e se para o outro esse pouco que eu penso ser é muito?
Pode acontecer, mas primeiro eu tenho que tirar da cabeça que eu sou pequeno e não tenho o que oferecer.
Eu posso ter todas as qualidades que uma pessoa busca noutra e talvez essas qualidades ofusquem meus defeitos para essa pessoa.
Mas e se você encontra essa pessoa e não pode mostrar além do que já mostrou?
Eu sinceramente não sei o que estou dizendo.
Me perdi, mas continuo seguindo o caminho que eu acho que me levará pra onde eu quero estar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Entre o Sagrado e o Profano

Minha maior virtude, meu maior defeito
Paralelas que se cruzam no lado esquerdo do peito
Revolta psicológica causando os seus efeitos
A perfeita simestria de um ser imperfeito

Medo de agir e não querer ser diferente
Medo de pensar em desacordo com o padrão vigente
Deixa de pensar e finge ser proeminente
E não percebe se amoldar ao excesso de contingente

Acorrentados entre os muros da nossa virtude
Fechando as portas pra qualquer vicissitude
Jamais iremos conquistar a plenitude
Esperando que, sozinho, um dia tudo mude

Moralidade de coloridos vitrais
Nau a deriva a milhas e milhas do cais
Esqueçam as máquinas, somos meros mortais
Feito elefantes em lojas de cristais

Qualquer movimento em falso resulta solidão
O sonho de todo dia não é o circo, é a conquista do pão

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Divagações, Alucinações e Solidão - II

Segundo a geometria Euclidiana, duas retas paralelas a princípio sempre estão "próximas" uma da outra, porém jamais se encontram.

Já pela geometria Não-Euclidiana, quando a distância entre duas retas paralelas for infinita, haverá então o encontro das duas paralelas. Ou seja, as paralelas irão se cruzar a medida em que a sua distância for infinita, sendo assim, de tão distantes acabarão se unindo na imensidão do universo.

Eu sinceramente não sei qual é a melhor teoria. Mas o fato de na geometria Não-Euclidiana as paralelas se cruzarem me encanta mais, mesmo que em determinado momento a distância seja infinita, ao menos se encontrarão em outro ponto.

Parece ser assim que as coisas fluem na minha vida ou essencialmente na minha forma de ver a vida: quanto mais distante, mais próximo e vice-versa.

É engraçado que hoje tenho vinte e seis anos. Como era estúpida a minha previsão aos 18, por exemplo, de como eu seria aos 26. Almejava estar trabalhando, com minha vida encaminhada, tranquilo, talvez com uma namorada/noiva/esposa. Sonhava chegar em casa e ser recebido pelo cachorro que iria me jogar no chão e me lamber de felicidade.

Sonhava poder estar ao lado dos meus pais ajudando-lhes sempre que fosse preciso. Gostaria de poder ser mais compreensivo com eles. Ser mais compreensivo com as pessoas. Ser mais compreensivo comigo mesmo e com meus sentimentos.

Hoje tenho 26 anos e sinto-me menos independente que aos 18, menos confiante e, principalmente, menos feliz.

E tudo isso me remete à noção das paralelas que se cruzam no infinito.

Quanto mais eu me firo e quebro a cara, quanto mais eu me sinto insensível, mais a flor da pele eu sinto os meus sentimentos.

Quanto mais triste eu me sinto, mais próximo da felicidade eu pareço estar.

Me fascinam essas preposições antagônicas. Os extremos me atraem muito mais que o centro por simplesmente serem mais verdadeiros.

São 26 anos de bons momentos e de uma outra parte feito um elefante em loja de cristais: qualquer movimento e tudo vai ao chão.

Ser adulto é entediante e monótono.

Cada dia estou mais distante de tudo que sonhei, de tudo que quis ser. Mas não tem problema, quanto mais distante, mais próximo.

E mesmo que eu ache que a minha maior virtude não passa de um grande defeito, eu sigo em paz, pois sei que as paralelas sempre se cruzam no lado esquerdo do meu peito.

sábado, 16 de abril de 2011

Ode ao Menestrel

Passam sobre mim
Belas moças, generosos manequins
Passa a Geni e passa o Zepelin
Sem sequer notar

Que aquele rapaz
Do sorriso sutil e fugaz
Tem o coração capaz
De mover o mar

Olham para mim
Transeuntes, bêbados de botequins
Colombinas, Pierrôs e Arlequins
Sem sequer notar

Que sou apenas mais um
Violeiro, sonhador comum
Expondo seus sentimentos um a um
Em forma de canção

Tentanto conquistar
Algumas moedas pra almoçar
E ver o sol se por de algum lugar
Que eu possa ver seu apogeu

Mas o sol já se pôs
E eu sigo feito os bibelôs
Cantando as desventuras do amor
Apenas pro luar

Pois só você, óh Lua
Tem a paz de deixar minh'alma nua
Espantar do meu peito essa amargura
Para o céu repousar

E se amanhã eu não acordar
Deixe-me e procure observar
Se agora as moças vão notar
Quem sempre esteve aqui

Soarão os bandolins
Colombinas, Pierrôs e Arlequins
Ao olhar meio violão dirão enfim:
- Que descanse em paz...

- Foi um bom rapaz...
- Que nunca me destratou, sempre da paz...
- Dizem que seu coração há muito jaz...
- Pela morte de um amor...

- E dizem que esse amor...
- Nem sequer se concretizou...
- Pois a moça tinha outro dono...
- E não pode lhe dar seu coração...

- E a partir de então...
- Passou a ser amante do violão...
- Cantava sempre fora do tom...
- Pois era o grito da dor!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Divagações, Alucinações e Solidão

Não sei se li em algum lugar ou se é apenas mais um fruto de uma mente insana, mas tenho a sensação de ter lido que "o homem deixa de viver na medida em que deixa de sonhar".
Fiquei aqui refletindo sobre isso, aliás ando pensando nisso há um bom tempo. Toda noite sigo um ritual quase sagrado ao desligar a televisão, abrir a porta do meu quarto e adentrar no meu reino particular.
É no silêncio da noite que os pensamentos mais insanos e, ao mesmo tempo, honestos rondam a minha mente. E é nesse silêncio da madrugada que vou divagando comigo mesmo, monologando com meus pensamentos, meus anseios e meus medos.
"O homem deixa de viver na medida em que deixa de sonhar"...simplesmente genial. Mas graças as minhas alucinações e meus imbróglios passei a questionar, por experiência própria.
E quando o homem sonha tanto que acaba deixando de "viver" sua vida real e passa a habitar o imaginário, o intocável e o surreal?! Estranho não?!
Me fascina a pureza, a paixão, o sentimento...me fascina a alegria, o sorriso, a paz.
Me fascina o mundo irreal onde nada é material.
Sonho...sonho cada dia mais e a cada dia vivo menos. Mas eu viveria eternamente pelo simples prazer de sonhar, por mais que eu perca cada ano de vida apenas sonhando.
Não sei quem é mais doente: o mundo, os sãos ou os loucos (inclusive eu). Eu fico com a fascinação da loucura.
Sentimento...
Porque a noite tudo fica mais paupável?
Porque na noite fico tão a flor da pele?
O escurecer do céu faz meus sonhos se acenderem e iluminar a minha visão.
A lua me encanta...as estrelas também.
Violão...só você sabe de tudo.
Temos a lua como testemunha de cada suspiro, de cada anseio e de cada paixão.
Posso escrever o que quiser, a arte é anárquica, nos permite tudo de todas as formas.
Quando componho minhas músicas posso imaginar o que eu quiser, posso cantar meus sonhos.
Posso cantar meus medos, minhas alegrias, minhas angústias...
Enquanto escrevo deliro, sonho, divago...enquanto imagino há infinitas possibilidades, inclusive a possibilidade de ter, de ser.
Serenidade...como eu a anseio, como eu gostaria de ter a coragem e a fé de um monge, de um padre, de um dervixe...os sinais estão fechados e o futuro passa pela faixa de pedestre e eu não posso tocá-lo.
Se eu não consigo entender nem mesmo o que penso, como conseguirei entender as pessoas? O mundo? As expressões?
Eu só tenho meu violão, meus papéis e uma caneta...e talvez isso seja tudo que eu necessite.Eu prefiro os animais, mas ainda assim acredito na bondade humana.
Eu prefiro o meu violão com minhas velhas cordas de aço.
Talvez fosse melhor nylon, mas me fascina o metal.
Queria pegar carona num cometa.
Ser guiado pelo acaso sem qualquer regra a ser seguida.
Queria ganir junto aos cães.
Mas ainda assim tá tudo bom, eu consigo ao menos transmitir o que sinto.
E continuamos seguindo desta forma.
Eu não paro de sonhar.
E vou continuando com meus anseios, meus medos e minhas loucuras.
Nada como a serenidade de uma mente insana.
Solidão cura com aspirina?!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Oração do Louco

Que os dias sejam leves
Que os anseios adormeçam na serenidade
Que essa angústia seja tomada pela alegria do rosto de uma criança

Que a vontade de fugir dê lugar a satisfação de aqui estar
Que eu realmente viva, ainda que breve
E que eu deixe de morrer enquanto vivo

Que eu deixe de magoar as pessoas com quem convivo
Que eu me sinta útil em algum momento
E que esse desespero recompense a minha loucura

Que meus sentimentos encontrem a paz
Que eu não tenha medo de ser sociável
E que minha tristeza rache a cada sorriso que me for ofertado

Que eu seja compreendido ao menos uma vez
Que eu possa deitar sobre o chão e adormecer sem tormentos
E que eu ande com os pés descalços sem medo de parecer louco

Que eu possa me desapegar de tudo que não for necessário
Que eu deixe de me sentir pequeno e demodê
E que as canções que eu componho deixem de me fazer sofrer

"Segure a minha mão quando ela fraquejar
E não deixe a solidão me assustar"¹

Que o infinito ao redor não me deixe só
Que os sonhos que perdi não me congelem
Que minhas felicidades não estejam guardadas em caixas de sapato

Que meus sonhos não me façam iludir
Que a lágrima corra pela certeza da vitória
Que sempre que eu abrir a boca seja pra dizer coisas boas

Que o meu sumiço não me apague do coração de quem amo
Que a minha consciência não petrifique meus sentimentos
E que para onde eu olhar veja animais livres e brincando felizes

Que eu recompense a esperança que depositaram em mim
Que eu possa ser lembrando realmente pelo que fiz
E que eu não precise pintar um sorriso para parecer estar feliz

Que as rugas tomem meu rosto pela alegria de muito ter vivido
Que eu nunca deixe de tocar meu violão
Que eu não passe o dia pensando na noite e nem a noite pensando no dia

Que eu não seja uma eterna valsa esperando pela bailarina
Que eu não viva sonhando com o beijo que jamais dei
Que eu deixe de balbuciar sempre que for falar do que sinto

"Segure a minha mão quando ela fraquejar
E não deixe a solidão me assustar"¹

Que a vida seja cada dia mais suportável
Que a alegria seja cada vez mais palpável
E que a escuridão seja tomada pela luz

Que a maldade se encolha diante da gentileza
Que o rude seja cada dia mais passivo
E que tudo que eu digo seja levado um pouco mais a sério

"Segure a minha mão quando ela fraquejar
E não deixe a solidão me assustar


E que a escuridão seja tomada pela luz!

¹- Trecho da música "Ave Maria da Rua" - Raul Seixas

segunda-feira, 14 de março de 2011

Para o Céu Repousar

Se ao menos você me ouvisse
Seria apenas uma estrela perdida
Que num riso a vida brindaria
Pelos acasos que me destinas

Se uma lágrima a pálpebra me inunda
É por meia-noite o céu repousar
Deixe a lua apaixonar-me em loucura
Para sua ausência vir me tocar

Se eu fosse Monet pintaria meus sonhos
Mostrar-lhe-ia cada desejo materializado
Mas como sou apenas um poeta errôneo
Vivo meus sonhos no anonimato

Guardo no peito segredos e anseios
Reservados para espantar a solidão
E em cada saudade que me suicido
Sinto mais perto a sua aparição

Não tenho o dom de materializar sentimenos
Não tenho a paz de ignorar os meus tormentos
Não sei sorrir quando estou sofrendo
Não sei fugir quando o que quero é voltar correndo

sexta-feira, 4 de março de 2011

Meu Quarto Contigo (Eu Dividiria)

Desligo a televisão
Abro a porta em prontidão
Mergulho em meu coração
Meu quarto é o meu reino

As frases de Gandhi na porta
Minha grafia sempre torta
As figuras sobrepostas
Meu quarto é o meu esteio

Na escrivaninha meus livros
Alguns poemas esquecidos
Meus sentimentos partidos
Meu quarto é minha fuga

Toda bagunça que venero
Pus seis estrelas no teto
O meu sorriso discreto
Meu quarto conhece minha luta

A luminária incandescente
Meu pensamento descrente
Meu colchão impaciente
Meu quarto é onde me encontro

Sobre a porta meus sapatos
Cuidadosamente jogados
No centro um sofá rasgado
Meu quarto sabe do meu abandono

A ampulheta de Sampa
Os rabiscos de quem ama
Ao fundo Zeca tocando Telegrama
Meu quarto é minh'alma

O meu viver meio insosso
A gaita fora do estojo
O travesseiro em que repouso
Meu quarto conhece minha vivalma

Mas se você viesse,
meu quarto,
meus lábios,
meu reino,
meu esteio,
minha fuga,
minha luta,
meu encontro,
meu abandono,
minh'alma,
vivalma
e toda minha vida,
contigo eu dividiria.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quase Esperança

Cansei de ser triste
Como passarinho preso na gaiola vivendo de alpiste
Cansei da cidade
Já não tem nenhum valor o meu diploma, minha faculdade
Cansei de fugir
Do caos, da violência e da opressão que querem me sucumbir
Cansei de tantos trastes
Quero leveza, quero fugir dos muros e das grades

Cansei da superfície
Quero a profundidade de um mergulho que encontra a planície
Cansei da solidão
Quero estar só, mas vivendo em seu coração
Cansei de maquiagem
Quero a essência feito o céu numa estiagem
Cansei da informática
Agora busco a leveza de uma bailarina performática

Eu já me cansei desses versos tristes
Eu já nem sei se ainda existem hippies
E "eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza"
Mas perdi a esperança sentado à mesa
Esperando pela refeição que nunca vem
Como quem vai à missa só pelo amém
Como quem ama a lembrança
De um dia ter vivido uma quase esperança

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tristeza

Tristeza são seus olhos me dando adeus
Tristeza é seguir em frente sem ter Deus
Tristeza é uma panela cheia de solidão
Alimentando de fome a alegria e a paixão

Tristeza são seus lábios longe de mim
Tristeza é se apaixonar por uma garrafa de gim
Tristeza é ter uma gaita e não saber tocar
Tristeza é fazer música só pra te olvidar

Tristeza é a gentileza da sua rejeição
Tristeza é a instabilidade dessa conexão
Tristeza é abrir portas que dão pro mesmo lugar
Tristeza é uma canção bonita que eu nunca sei tocar

Tristeza é sonhar e acordar sem você
Tristeza é o sono do insone a sofrer
Tristeza é o sorriso do palhaço sob a lona
Tristeza são as touradas intragáveis de Pamplona

Tristeza é sua lembrança torturando meu coração
Tristeza é errar a bola e cair sentado no chão
Tristeza é compor músicas e nunca cantar no tom
Tristeza é a marca na minha roupa do seu batom
Que nunca existiu

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sobre o amor e sua perdição

Solfejo um trecho da canção que um dia eu lhe escrevi
Com amor, como flor de primavera que se abre no jardim
Na loucura ainda tenho seu coração
Na perfeita insanidade de uma legião
De sentimentos almejando o calor
E o colo macio do seu amor
Ter seu rosto outra vez em minha visão
Passear segurando a sua mão
Olhar nos seus olhos e sentir a paz

Desejo seu beijo na chuva ou no vagão de um trem
Encosto meus lábios em sua nuca e sussuro "vem"
Me abraça e me diz com emoção
Sobre o amor e toda sua perdição
Da estrada nova e das pedras a enfrentar
Sobre nós dois subindo no altar
Ter seu rosto outra vez em minha visão
Sem jamais soltar a sua mão
Olhar nos seus olhos e sentir a paz

Um dia você me fez acreditar
Que eu poderia sorrir
E agora diz em se afastar
Para não me ferir
E o que poderia me ferir
Mais que a sua ausência?
A vida não é um souvenir
É caso de dependência

Um dia você me fez acreditar
Que eu poderia sorrir
E agora diz em se afastar
Para não me ferir
Para não me ferir
Para não me ferir?
Para não me ferir, preferia você aqui

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Eu Não Sei Fazer Canção de Amor

Eu não sei fazer canção de amor
Sempre repito as mesmas palavras e as rimas
Sou tão pobre, minha linda
Que sequer lhe serviria
Meu coração em um plateau

Mas só meu coração é o esplendor
Que lhe faria ser a mulher mais rica
Que a Rainha da Turquia
Numa noite de quinta
Apreciando as bailarinas
Do Bolshoi de Moscou

Afável beleza humana que me invadiu de ardor
Foi a sua lembrança que veio e me abraçou
A noite, ao deitar na cama, fico acordado sonhando
Como seriam nossas vidas se você me dissesse "eu te amo"

Anjos perdidos do caminho
Queiram todos se reunir
Peço uma grande ajuda
Para fazê-la feliz
Cupidos perdidos no caminho
Queiram todos lhe atingir
Pois todo amor vale a pena
Até o meu por ti

Afável beleza humana que me invadiu de ardor
Foi a sua lembrança que veio e me abraçou
A noite, ao deitar na cama, fico acordado sonhando
Como seriam nossas vidas se você me dissesse "eu te amo"

Antes de partir faça o favor
Olhe nos meus olhos e sinta a minha tristeza
Por não ter sua beleza
Feito flor de framboesa
E antes que eu me esqueça
Eu te amo, minha princesa
E perdoe o meu rubor

Mas é que eu não sei fazer canção de amor

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Flor de Bem Me Quer

O fim pode ser hoje, pode ser amanhã
Continuo esperando pacientemente no divã
As bombas ainda caem e caem todas manhãs
E eu sigo sentado comendo minha maçã

Nada além do que penso é o que quero ter
Nada além do que eu mereço: o amor, eu e você
Sentados na varanda, anda, vem ver o sol se por
E a lua curiosa nascendo para ver o nosso ardor

Nem a vã filosofia poderia explicar
E mesmo que doe, eu não quero evitar
A loucura é divina e brilha, tira espinho da flor
Dançando feito bailarina ao som dos bandolins do Oswaldo

Somos crias do amor
Num jardim de flor
A minha quimera é flor de bem me quer
E o meu quem me dera: seja minha, mulher

E quando eu me sentir pouco, não me deixe no chão
Quando eu estiver louco, seja minha alucinação
Quando eu estiver longe, não me deixe na solidão
Quando vier a morte, que minha casa seja o seu coração

Deixe-me viver no seu coração