segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Tempo, a Alma e o Espelho.

Tudo se transforma e isso não é necessariamente ruim...nem bom.
Tudo se transforma porque simplesmente não há como ser a mesma coisa sempre.
O tempo é agente corrosivo e, querendo ou não, deixa as suas marcas.
Marcas essas que muitas vezes não são perceptíveis a quem olha do lado de fora, mas quem consegue olhar por dentro as entende perfeitamente.
A roupa surrada, velha e amarrotada já não é notada, não interfere em nada.
A cabeça curvada ao chão, o olhar úmido e o rosto cansado passam desapercebidos.
A barba cresceu e ele sequer notou, pois não se importa com a imagem refletida no espelho, ele sabe que os seus maiores tesouros e valores espelho nenhum refletirá.
Os sonhos se perderam entre as pedras do caminho e, para cada sonho perdido, parte do seu ser se perdia.
Já não estranha os lagos sem peixe, as ruas vazias, os carros parados, as árvores sem folhas.
O céu sem estrelas, o mar afônico, o sol sem brilho...ele não sabe o que houve, mas sabe quais foram as marcas que o tempo deixou.
Muito além da roupa velha, dos olhos úmidos, do rosto cansado...não são essas as marcas mais profundas que o tempo lhe ofertou.
Sonhos perdidos são como tatuagens n'alma, ninguém vê, mas quem tem sabe que elas existem.
E a barba?! Bom, a barba é apenas o sinal de que a alma entristece, mas não faz mal, eles ainda procuram pela explicação no espelho.

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