sábado, 16 de abril de 2011

Ode ao Menestrel

Passam sobre mim
Belas moças, generosos manequins
Passa a Geni e passa o Zepelin
Sem sequer notar

Que aquele rapaz
Do sorriso sutil e fugaz
Tem o coração capaz
De mover o mar

Olham para mim
Transeuntes, bêbados de botequins
Colombinas, Pierrôs e Arlequins
Sem sequer notar

Que sou apenas mais um
Violeiro, sonhador comum
Expondo seus sentimentos um a um
Em forma de canção

Tentanto conquistar
Algumas moedas pra almoçar
E ver o sol se por de algum lugar
Que eu possa ver seu apogeu

Mas o sol já se pôs
E eu sigo feito os bibelôs
Cantando as desventuras do amor
Apenas pro luar

Pois só você, óh Lua
Tem a paz de deixar minh'alma nua
Espantar do meu peito essa amargura
Para o céu repousar

E se amanhã eu não acordar
Deixe-me e procure observar
Se agora as moças vão notar
Quem sempre esteve aqui

Soarão os bandolins
Colombinas, Pierrôs e Arlequins
Ao olhar meio violão dirão enfim:
- Que descanse em paz...

- Foi um bom rapaz...
- Que nunca me destratou, sempre da paz...
- Dizem que seu coração há muito jaz...
- Pela morte de um amor...

- E dizem que esse amor...
- Nem sequer se concretizou...
- Pois a moça tinha outro dono...
- E não pode lhe dar seu coração...

- E a partir de então...
- Passou a ser amante do violão...
- Cantava sempre fora do tom...
- Pois era o grito da dor!

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